Cheia dos rios dificulta acesso aos agricultores assistidos pela extensão rural

Unidade do IDAM alagada - Fotos; Unloc/Anamã
Extensionista mostra a Unidade do IDAM alagada   – Fotos; Unloc/Anamã

Há mais de 90 dias o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (IDAM) vem divulgando, semanalmente, o “Levantamento das Perdas Agrícolas da Cheia de 2015”, com informações coletadas pelos extensionistas do Instituto sobre os prejuízos causados pela enchente deste ano no Estado e disponibilizadas para a mídia local e conhecimento da sociedade em geral.

Na opinião do diretor-presidente do Instituto, Edimar Vizolli, esse Levantamento foi concebido com a intenção de retratar a situação em que se encontram os agricultores que moram em áreas de várzea e alguns pontos de terra firme, que também estão alagados. “Somos o órgão oficial de Assistência Técnica e Extensão Rural no Amazonas, e como tal, nossas equipes têm enfrentado muito  desafios para acompanhar de perto esses prejuízos. Todas as semanas são realizadas visitas às comunidades afetadas para registro dessas perdas”.

Mais da metade dos municípios amazonenses vem sofrendo com a enchente e, em alguns deles, a situação é alarmante tanto na sede quanto na zona rural, continuou Vizolli. “Exemplo disso são as Unidades do IDAM em Anori, Amaturá, Caapiranga e Anamã que tiveram seus prédios tomados pela água. Em parceria com o governo estadual e municipal os extensionistas têm unido esforços para superar as dificuldades de acesso às comunidades afetadas, apoiando a Defesa Civil no atendimento às necessidades das famílias prejudicadas”, explicou.

Caapiranga
Cheia desabriga extensionistas em Caapiranga – Fotos: Unloc/Caapiranga

Anori (2)

Atendimento a agricultores é realizado na parte externa da sede do IDAM Foto: Unloc Anori

Para o gerente da Unidade Local do IDAM em Caapiranga, Phillipe Brandão, os problemas relacionados à cheia começaram em março deste ano quando foi preciso desocupar as instalações do IDAM por causa da alagação. “Tivemos que retirar móveis, documentos e equipamentos de trabalho para evitar prejuízos. Graças à parceria com a Universidade Federal do Amazonas – UFAM, foi possível instalar o IDAM em uma casa da universidade para dar continuidade às nossas ações”, afirmou.

Segundo Brandão o trabalho que está sendo realizado no município vai além da prestação do serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER). “Estamos visitando as comunidades mais prejudicadas para verificar em que condições estão vivendo os agricultores familiares da zona rural e apoiar o trabalho da Defesa Civil no resgate as famílias rurais”, completou.

Em Amaturá, a situação não é muito diferente, informa o gerente da Unidade do IDAM, Francisco Luzivan Furtado. “Tivemos que mudar às pressas para uma das salas da Secretaria de Obras do município. As águas começaram a subir rapidamente e tivemos que agir rápido para salvar o patrimônio do Instituto”.

 Na zona rural, continuou Luzivan, a comunidade que mais sofreu com a cheia de 2015 foi Canimaru, onde 45 famílias de agricultores tiveram prejuízos com moradia e plantações. “Mesmo com dificuldade de acesso, temos visitado os agricultores familiares, realizando reuniões, fazendo o georreferenciamento das áreas alagadas e orientando-os sobre as políticas públicas disponibilizadas pelo governo do Estado” ressaltou.

Para a maioria dos agricultores assistidos pelo IDAM, nem tudo está perdido, afirma Luzivan. “Mesmo tendo sido surpreendido com a cheia deste ano, maior que a de 2012, os agricultores já estão aguardando a água baixar para voltar a plantar mandioca, melancia, hortaliças, jerimum e se dedicar a pesca, atividade predominante na região”, concluiu.

Foto: Unloc Anamã
Foto: Unloc Anamã

Grande desafio pós-enchente

Para Vizolli o momento é difícil, mas não podemos perder a esperança. “Mesmo com todas as perdas, temos que aguardar a descida da água e apoiar as famílias dos agricultores e produtores rurais afetados, oferecendo alternativas e orientações sobre as políticas públicas disponibilizadas pelo governo do Estado, como sementes básicas, capacitações, crédito rural, mecanização, comercialização, dentre outras. O extensionista é um herói anônimo e vai estar ao lado do agricultor para mais esse recomeço”, finalizou Vizolli.

Levantamento de perdas agrícolas

De acordo com o último levantamento feito por extensionistas do IDAM, do dia 22 de junho, o número de municípios do Amazonas castigados pela cheia já chegou a 47 (reconhecidos pela Defesa Civil Nacional), além de Benjamim Constant e Boca do Acre que se encontram em estado de calamidade pública. Esses números revelam que mais de oito mil famílias já foram afetadas e os prejuízos no setor produtivo do Estado registram perdas de mais de R$ 64 milhões de reais.