Produção de fibras do Amazonas desperta interesse de investidores alemães

 

Com uma produção estimada de cinco mil toneladas de juta e malva referente a safra 2016/2017, o Amazonas,  considerado o maior produtor nacional de fibras, recebeu na última quarta-feira (17), a visita de uma delegação do Ministério da Agricultura da Alemanha (BMEI) para conhecer o trabalho desenvolvido pela Cooperativa Mista Agropecuária de Manacapuru (Coomapem), no município de Manacapuru (a 86 quilômetros de Manaus).

De acordo com dados do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM), órgão integrante do Sistema Sepror, no ano passado (2016) foi disponibilizado pelas indústrias mais de 85 mil quilos de sementes de malva e 1.250 quilos de juta. A safra 2015/2016 de juta e malva foi de 3.963 toneladas.

Para o diretor de Assistência Técnica e Extensão Rural do IDAM, Luiz Carlos do Herval Filho, o governo do Amazonas tem interesse em alinhar parcerias para investir em tecnologia, para que se possa melhorar a cadeia produtiva  das fibras no Amazonas. “Temos que pensar em alternativas que venham melhorar as condições de trabalho dos produtores que ainda realizam a atividade de forma manual”, concluiu Herval.

Segundo o gerente da Unidade Local do IDAM, Reginaldo Lima, a vinda da delegação do Ministério da Agricultura da Alemanha é muito positiva. “A gente vê essa visita com grande satisfação. Temos a preocupação de melhorar o sistema de produção da juta e da malva, pois sabemos que até hoje isso é feito de forma bastante rudimentar”, disse.

De acordo com Angelina Balz, membro da delegação alemã e responsável pelo departamento dos países do continente americano, em especial pelo Brasil, o principal objetivo da visita foi para ver de perto como funciona o trabalho da Cooperativa e seus desafios. “Para nós, o cooperativismo é uma área muito importante que pretendemos apoiar, por isso foi muito bom vir até Manacapuru ver quais as necessidades das Cooperativas. Com base nessa realidade podemos pensar em parcerias futuras”, afirmou Angelina.

Para a presidente da Coomapem, Eliana Medeiro do Carmo, a visita foi de grande importância, e mesmo com as dificuldades que a Cooperativa vem passando, eles se interessaram pelo trabalho que vem sendo desenvolvido. “O intuito deles foi conhecer nosso trabalho e eu estou muito otimista que futuramente possamos fazer parcerias que venham ajudar a Cooperativa. Da mesma forma que o IDAM é peça fundamental em todos os nossos projetos, precisamos do apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na transmissão da tecnologia, da prefeitura de Manacapuru, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da Organização de Cooperativas do Brasil (OCB- AM), o que seria um grande reforço para os nossos projetos”, completou  Eliana.

Durante a visita, a delegação esteve no local de trabalho do produtor de malva, Antônio Souza Oliveira, 52 anos, no Parará do Supiá, que espera obter uma produção de 5 toneladas na safra desse ano. Seu Antônio, assim como a maioria dos moradores do local, ainda utiliza as mesmas técnicas que aprendeu com os pais, que também viviam dessa atividade.

Produção de Juta e Malva

O plantio das fibras é realizado após o período da cheia em áreas de várzea á medida que o rio baixa. São lançadas as sementes, muitas vezes ainda na lama. Em seguida são feitas as capinas na área. Depois começa o processo de corte das malvas (até três metros de comprimento), permanecendo em feixes nas lavouras por alguns dias. Após esse processo já com poucas folhas para se tornar mais leves, são levadas para ficar submersas na água até serem desfibradas. As fibras de juta e malva são utilizadas na confecção de sacarias para armazenamento de grãos como arroz, café, feijão, dentre outros.

Coomapem

A Cooperativa Mista Agropecuária de Manacapuru (Coomapem), tem 55 anos de existência de atuação e sua principal atividade é juta e malva. Atualmente conta com aproximadamente 438 cooperados distribuídos em mais de seis municípios.