Capacitação beneficia agricultores indígenas do Alto Rio Negro

Mais de 30 agricultores familiares indígenas, da comunidade Tapuruquara Mirim, Curicuriari, São Jorge e Mercês, participaram de um curso de Sistemas Agroflorestais (SAF’s), no período de 09 a 13 de março, promovido pela Unidade Local do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (IDAM), em São Gabriel da Cachoeira (distante 852 quilômetros de Manaus). A ação foi realizada em cumprimento a meta do contrato N º 096/2012, do convênio entre o IDAM e Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA).
De acordo com o extensionista do IDAM, Mário Ono, o curso teve como objetivo socializar e gerar conhecimentos a partir da interação com os participantes sobre como potencializar as experiências de SAF’s que os indígenas já praticam em torno de suas casas. “Conhecer mais sobre esse sistema de uso e manejo da terra é uma demanda dos agricultores indígenas, que estão engajados na implantação de uma Unidade Demonstrativa (UD) de SAF’s na comunidade Tapuruquara Mirim. Desse modo será possível agregar princípios e práticas agroecológicas nas comunidades”, explicou Ono.

O técnico destacou ainda, que espécies vegetais tradicionalmente cultivadas pelosagricultores indígenas ao logo dos anos, vêm se perdendo, por influência de costumes urbanos, tornando difícil aos agricultores encontrarem materiais propagativos tradicionais, devido, em muitos casos, à substituição gradativa por cultivares melhoradas ou híbridas, introduzidas, gerando um ciclo de dependência comercial ou governamental.
“Por conta disso, acreditamos que a atividade vai contribuir no resgate e na conservação dessas espécies (milho, batata-doce, mamão, cucura, abacaxi, banana, mandioca, cará, entre outras), importantes para a soberania, segurança alimentar e nutricional das comunidades indígenas”, e sobretudo, para a preservação da diversidade cultural das etnias envolvidas, acrescentou.
A escolha das culturas para o arranjo agroflorestal da UD foi definida pelos agricultores familiares em conjunto com o extensionista, Jaciel Freitas, responsável pelo acompanhamento técnico dos agricultores. Foram levados em consideração critérios de cunho ambiental, social e econômico, utilizando espécies que forneçam produtos para alimentação das famílias e a comercialização em diferentes épocas do ano. Além de plantas companheiras e leguminosas para o fornecimento de nutrientes e matéria orgânica ao sistema, através da adubação verde.

Metodologia
Os agricultores participaram, na prática, das atividades, aproveitando os recursos existentes na comunidade para seleção das espécies, cobertura do solo, manejo de espécies nativas, produção de fertilizantes orgânicos e de defensivos naturais, usados no controle de pragas e doenças.
Sistema Agroflorestal (SAF’s) – Dada à sua versatilidade, os SAF`s proporcionam uma série de combinações agroflorestais, agregando diversas culturas agrícolas (hortaliças, anuais e frutíferas) às florestais, e até mesmo espécies animais, conforme o interesse e necessidade da cada família, se ajustando às diferentes realidades locais. Promover a democratização desse agroecossistema junto às comunidades, é contribuir para a sustentabilidade, autonomia e independência das famílias, uma vez que desfrutarão de uma mesa farta e renda permanente.