Assistência técnica aproxima agricultores indígenas de práticas agroecológicas

Foto: Unidade Local do IDAM de Barcelos
O Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (IDAM) em parceria com a Secretaria Municipal de Produção e Abastecimento (Sempa) realizou no mês de maio, o segundo mutirão para implantação da Unidade Demonstrativa (UD) de Sistemas Agroflorestais (SAF’s) na comunidade indígena Cauburis (margem direita do Rio Negro) em Barcelos (a 399 quilômetros de Manaus).
Participaram da atividade 12 famílias indígenas que receberam orientações e demonstrações práticas sobre como fazer o coveamento, arranquio das mudas de banana e abacaxi, seleção e preparo das manivas, transporte, plantio, replantio das manivas, piquetiamento, abertura de covas e adubação natural das culturas frutíferas e florestais como o açaí, ingá, abacaxi, pupunha, banana, cupuaçu, cacau, mandioca, macaxeira e laranja.
O objetivo é incentivar o manejo de SAF’s realizados por meio de práticas agroecológicas que visam aproveitar os resíduos orgânicos e os recursos naturais existentes na comunidade, reduzindo o custo de produção e a dependência de insumos externos.
De acordo com a gerente da Unidade Local do IDAM em Barcelos, Gilciane Plácido, uma das principais vantagens desse agroecossistema, é que ele se adapta perfeitamente as condições socioculturais dos agricultores indígenas, possibilitando a produção diversificada de alimentos em diferentes épocas do ano e o resgate de espécies tradicionais.
Para a agricultora Virgília Tomas Batista, a atividade vai trazer benefícios para comunidade. “Além de resultar em produtos de qualidade que serão utilizados na alimentação de nossas famílias também será fonte de renda com a comercialização do excedente para o mercado local”, disse.
Unidade Demonstrativa – Na Unidade também foi construído um viveiro rústico para produção de mudas, assim como está sendo construído um local onde será realizada a compostagem para a produção de adubos orgânicos e biofertilizantes (fonte de nutrientes e manejo de pragas).

As atividades fazem parte da Chamada Pública de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) voltada para indígenas, que segundo Gilciane, vai elevar a produção de alimentos de origem vegetal e consequentemente ocupação e renda as famílias, além de proporcionar conhecimentos agroecológicos, integrando o saber tradicional dos povos indígenas aos conhecimentos científicos dos extensionistas.
“A ideia é que essas Unidades Demonstrativas de SAF’s não sirvam apenas de referência para agricultores e técnicos, mas que possam também estimular e orientar novas iniciativas de base agroecológica no município para que seja possível disseminar a educação agrícola com as metodologias de extensão rural de acordo com a cultura e tradição dos povos indígenas (baré, tukano, Banywa, pira-tapuía, arapaso)”, ressaltou a gerente.
De acordo com o técnico indígena do IDAM, Nilson França Rebouças, desde o primeiro mutirão, que foi realizado no início de maio, a metodologia que vem sendo aplicada é a Demonstração de Método (DM). “Em uma área de 5 hectares foram realizadas atividades como identificação, preparo da área, coleta dos resíduos orgânicos, montagem das pilhas de compostagem, construção de pequeno viveiro rústico, enchimento de saquinhos e semeadura das espécies frutíferas e florestais”, explicou.
Ao todo serão implantadas cinco UD’s nas comunidades indígenas de Romão, Elesbão, Floresta I e Canafé, onde quatro delas estão na primeira fase de implantação, que consiste na identificação e preparo da área (limpeza, balizamento, piqueteamento).