Mandiocultura no Amazonas ganha novas perspectivas
Como forma de aperfeiçoar o sistema produtivo da mandioca no Estado, o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas – Idam e a Embrapa Amazônia Ocidental deram início a um trabalho que tem como objetivo criar novas tecnologias indicadas pela pesquisa e adaptadas à agricultura familiar. A ação conjunta, apoiada pelo programa Mais Alimento do Governo Federal, já permitiu a realização de cursos para agricultores e técnicos, instalação de Unidades Demonstrativas e Dias de Campo nos municípios de Lábrea, Carauarí, Boca do Acre e Tefé. Os princípios norteadores destas ações estão descritos na Circular Técnica 23 da Embrapa Amazônia Ocidental (Nov/04), onde preconizam com manejo fundamental para a obtenção de altas produtividades da mandioca o “tripé da produtividade, ou seja, escolha correta da maniva semente, adubações de cova e de cobertura e capina até os 150 dias de plantio. As manivas sementes são retiradas da porção intermediária da planta adulta, sendo para isso desprezada a porção superior e inferior desta planta além de manivas com ataque de pragas ou doenças. O fator limitante para uma boa maniva semente está diretamente relacionado ao número de gemas por haste, sendo aconselhável que cada haste tenha de 06 a 08 gemas. O stand será mantido com 10.000 plantas por hectare através de um espaçamento de 1,0 x 1,0. A adubação de cova foi realizada com a aplicação de 134 kg de superfosfato triplo por hectare e correção de solo utilizando 2,0 toneladas de calcário dolomítico. Em cobertura, 67 kg/ha de uréia e de cloreto de potássio. Esses últimos, fracionados em duas partes: metade aos 60 dias após o plantio e a outra metade aos 120 dias, respectivamente. Segundo o engenheiro agrônomo do Idam, Pedro Jorge Benício, no município de Lábrea os trabalhos foram realizados na propriedade do agricultor Pedro Rodrigues, localizada no ramal do sardinha, em área de terra-firme, onde foram implantadas três variedades locais conhecidas como: cobiçada, flexa amarela e minerva. Mas, como forma de comparação foi plantada uma área com a variedade minerva sem adubação e correção do solo (TESTEMUNHA). Os resultados foram avaliados em dia de campo realizado no dia 19 de novembro de 2010 com os seguintes resultados: Cobiçada teve 28,0(produtividade); Minerva, 24,0; Flexa Amarela, 22,0 e Minerva (TESTEMUNHA), 16,0 de produtividade. No município de Boca do Acre os trabalhos foram realizados no P.A. Monte na propriedade do agricultor Tito Mendes dos Santos, em uma área de 0,4 hectares cultivada com a variedade conhecida como Pirarucu. Os resultados foram avaliados em dia de campo realizado no dia 24 de novembro de 2010 com resultados alcançados de 21 toneladas por hectare com 10 meses de plantio, podendo chegar a 25 toneladas com 12 meses de idade. Em Tefé os trabalhos foram realizados na estrada da Emade, Km 02, na propriedade do agricultor Paulo Cabral Correia, em uma área de 0,5 hectares com a variedade conhecida como Catombo. Os resultados foram avaliados em dia de campo realizado no dia 01 de Dezembro de 2010 onde a produtividade média local elevou de 12 toneladas por hectare para 26,5 toneladas por hectare com 12 meses de plantio. Os resultados do município de Carauarí ainda não foram condensados e três novas áreas de plantio foram instaladas no final do ano de 2010, sendo elas em Rio Preto da Eva, Itacoatiara e Careiro da Várzea. “Como análise econômica, se utilizarmos como parâmetro uma produtividade de 25 toneladas por hectare, podemos concluir que mesmo contabilizando ao final do ciclo produtivo os recursos gastos com o investimento da aquisição de insumos e manutenção da família (50%) o sistema de produção tecnificado se mostra de alta rentabilidade, podendo alcançar aproximadamente R$ 6.200,00 de lucro líquido por hectare (salário de R$ 516,00/mês) comparado com R$ 3.600,00 no sistema convencional (salário de R$ 300)”, confirmou Benício. Os principais ganhos do uso de insumos no sistema produtivo da mandioca estão relacionados com as questões ambientais. No sistema convencional as áreas de plantio são reutilizadas por no máximo duas safras. É que como não são repostos os nutrientes translocados pela planta ocorre uma grande queda de produtividade entre uma safra e outra, forçando os agricultores familiares a abandonarem suas terras. Já no sistema tecnificado uma mesma área poderá ser utilizada por vários anos, principalmente se for realizado um manejo mecanizado de área. Para Pedro Jorge Benício, os resultados alcançados são considerados bastante satisfatórios podendo ser replicados em diversos municípios do entorno de Manaus onde existe a facilidade de chagada destes insumos. O cultivo da mandiocano Amazonas, tradicionalmente, faz parte do cotidiano do agricultor amazonense, sendo cultivado em aproximadamente 71.596,50 hectares e mobilizando 63.304 agricultores (Idam/09). Seu principal derivado, a farinha, é consumida largamente em nossas residências, atingindo um consumo médio per capta de 58 kg/ano de farinha.